
Mies van der Rohe - a arquitetura Racional de contrates
- Daniela D. Ferro
- 9 de mar.
- 3 min de leitura

Ludwig Mies van der Rohe: Legado e Diretrizes para a Arquitetura Contemporânea

Ludwig Mies van der Rohe (1886-1969) é amplamente reconhecido como um dos mestres da arquitetura moderna.
Sua obra, marcada pela busca da simplicidade e pela integração de novos materiais, como aço e vidro, estabeleceu fundamentos que ainda hoje influenciam a prática arquitetônica.
Ele contribuiu com seu trabalho para a arquitetura do século XX e seus princípios podem orientar os arquitetos contemporâneos rumo ao futuro, neste momento de nova transformação.
A Trajetória de Mies van der Rohe
Ele iniciou sua carreira na Alemanha, trabalhando com Peter Behrens, onde teve contato com o neoclassicismo e o movimento Arts and Crafts.
Sua evolução profissional o levou a uma abordagem mais racionalista, culminando na direção da Bauhaus entre 1930 e 1933.
Durante esse período, Mies consolidou sua filosofia arquitetônica, enfatizando a funcionalidade e a clareza estrutural.

Emigrou para os Estados Unidos em 1937, onde assumiu a direção da Escola de Arquitetura do Instituto de Tecnologia de Illinois, em Chicago, implementando suas ideias e influencando uma geração de arquitetos.
Contribuições para a Arquitetura Moderna
Princípios Estéticos e Funcionais
Mies é frequentemente associado ao conceito de “menos é mais”, refletindo sua busca por uma estética depurada e funcional.
Ele acreditava que a arquitetura deveria emergir das necessidades essenciais, eliminando ornamentos supérfluos.
Como afirmou Franz Schulze em sua biografia sobre Mies:
“Ele buscava uma beleza que emergisse inevitavelmente da resolução lógica de problemas estruturais e funcionais” (Schulze, 1985).
Uso Inovador de Materiais
A adoção do aço e do vidro como elementos principais permitiu a Mies criar espaços abertos e flexíveis, rompendo com a compartimentação tradicional.
O Pavilhão de Barcelona (1929) exemplifica essa abordagem, com planos horizontais e verticais que definem o espaço sem confiná-lo, proporcionando uma sensação de continuidade entre interior e exterior.
Espaço Universal
Mies introduziu o conceito de “espaço universal”, caracterizado por plantas livres que permitem múltiplas configurações de uso.
Edifícios como o Seagram Building (1958) ilustram essa ideia, oferecendo espaços internos adaptáveis às necessidades dos usuários, antecipando a flexibilidade exigida pelas dinâmicas contemporâneas.

Influência e Legado
A influência de Mies estende-se além de suas obras construídas.
Seus princípios nortearam o desenvolvimento do Estilo Internacional, caracterizado por linhas limpas, ausência de ornamentação e ênfase na funcionalidade.
Kenneth Frampton, em “Modern Architecture: A Critical History”, destaca que
“a obra de Mies representa uma síntese entre a tradição clássica e a inovação tecnológica, estabelecendo uma linguagem arquitetônica atemporal” (Frampton, 1980).
Diretrizes para a Arquitetura Contemporânea
Sustentabilidade e Tecnologia
Os arquitetos de hoje enfrentam o desafio de integrar sustentabilidade e tecnologia em suas práticas.
Os princípios de Mies, como a honestidade estrutural e a clareza funcional, podem ser aplicados na escolha de materiais ecológicos e no uso eficiente de recursos energéticos.
A transparência e a leveza de suas estruturas podem inspirar soluções que harmonizem tecnologia avançada com responsabilidade ambiental.
Flexibilidade e Adaptabilidade
A noção de “espaço universal” de Mies é particularmente relevante no contexto atual, onde as funções dos espaços mudam rapidamente.
Projetar edificações com plantas flexíveis permite adaptações futuras, prolongando a vida útil dos edifícios e atendendo às necessidades de uma sociedade em constante transformação.
Estética e Essencialidade
Em um mundo saturado de informações e estímulos visuais, a busca pela essencialidade estética de Mies oferece uma pausa contemplativa.
Arquitetos contemporâneos podem encontrar inspiração em sua abordagem minimalista, criando espaços que promovam bem-estar e reflexão, valorizando a qualidade sobre a quantidade.
Ele deixou um legado indelével na arquitetura moderna, estabelecendo princípios que continuam a orientar a prática arquitetônica.
Sua ênfase na funcionalidade, na honestidade estrutural e na beleza emergente da simplicidade oferece diretrizes valiosas para os desafios contemporâneos.
Ao integrar sustentabilidade, flexibilidade e uma estética depurada, os arquitetos de hoje podem honrar a herança de Mies enquanto moldam um ambiente construído que responda às necessidades do futuro.
Referências
• Frampton, K. (1980). Modern Architecture: A Critical History. Thames and Hudson.
• Schulze, F. (1985). Mies van der Rohe: A Critical Biography. University of Chicago Press.
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